segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Potências emergentes juntam forças para a queda de braço em Copenhage


Tudo leva a crer que a conferência de mudanças climáticas em Copenhage será marcada por uma forte queda de braço entre os países desenvolvidos e as principais potências econômicas emergentes. Quem deve assumir metas obrigatórias, quais serão os percentuais de redução e como os países industrializados investirão recursos nos países em desenvolvimento para adaptação e mitigação dos efeitos das mudanças do clima serão alguns dos principais pontos em disputa. Nesse sábado, de forma discreta, bem ao estilo chinês, Beijing liderou um encontro de sete horas com o Brasil, África do Sul e Índia, numa reunião pré-Copenhage, para alinhar um posicionamento do grupo e esboçar uma proposta conjunta.

O recém criado grupo Basic (Brasil, África do Sul, China e Índia) definiu neste esboço quatro pontos considerados inegociáveis em Copenhage:

1 - Não serão aceitas metas obrigatórias de corte de emissões de gases do efeito estufa para os países em desenvolvimento;
2 - Nenhum tipo de análise, estudo, ou revisão de ações ligadas às mudanças climáticas em países em desenvolvimento devem ser realizadas sem suporte financeiro e tecnológico dos países desenvolvidos;
3 - Não estabelecer o conceito de "ano pico". (Isto é, os países industrializados exigem que as economias emergentes não permitam o aumento de suas emissões a partir de uma determinada data. Como, por exemplo, foi sugerido para a Índia o ano de 2025.)
4 - Nenhuma barreira comercial poderá ser imposta aos países em desenvolvimento em nome das mudanças climáticas.

Entre amanhã e quarta-feira, o principal negociador chinês para as mudanças climáticas, Xie Zhenhua, apresentará o esboço da proposta do Basic em Copenhage, numa primeira rodada de negociações preliminares à grande conferência, que começa na semana que vem e irá até o dia 18 de dezembro.

A união entre esse grupo de países, que estranhamente não inclui a Rússia, um dos quatro Brics (aliança formada por Rússia, China, Índia e Brasil) foi ressaltada pelo ministro do meio ambiente da Índia, em reportagem do jornal Hindustan Times. "Se um dos itens que consideramos inegociáveis for violado, não sairemos da negociação sozinhos. Nós iremos coordenar nossa saída em conjunto", ressaltou Jairam Ramesh, na capital chinesa.

A divulgação desses itens inegociáveis ocorreu dias depois de Brasil, China e Índia anunciarem as suas metas voluntárias de redução dos gases do efeito estufa, dando um efeito moral importante para que suas colocações tenham mais força na mesa de negociação. Vamos ver como os países desenvolvidos que exigem metas obrigatórias para os emergentes para o próximo período de compromisso pós-Kyoto (2012 a 2020) reagirão a esses itens "não negociáveis".

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