quarta-feira, 25 de novembro de 2009

BNDES na mira dos movimentos sociais

Lideranças indígenas, quilombolas, de pequenos agricultores, entre outros representantes do movimento social protestaram em frente à sede do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), no Rio de Janeiro, no mesmo momento em que o presidente do banco, Luciano Coutinho, recebia o ministro do meio ambiente, Carlos Minc, para o lançamento do estudo sobre os custos que as mudanças climáticas acarretarão à economia brasileira nos próximos anos.


Coincidentemente, enquanto lá dentro se falava de adequação a um novo modelo econômico, que esteja em sintonia com os desafios do desenvolvimento sustentável, lá fora os movimentos sociais justamente criticavam a forma como o Banco vem privilegiando projetos de elevados custos socioambietais conduzidos por grandes multinacionais brasileiras e estrangeiras em setores como etanol, energia, mineração, siderurgia, agropecuária e papel e celulose.


Revoltados com a forma como o banco vem destinando seus recursos, os movimentos sociais criaram uma articulação de 30 organizações, movimentos e redes da sociedade civil para organizar o I Encontro Sul-Americano de Populações Afetadas pelos Projetos Financiados pelo BNDES. Segundo a Articulação, chamada Plataforma BNDES, apenas 10% dos recursos investidos pelo banco em 2008 foram direcionados para micro e pequenos empreendimentos.


As lideranças da articulação criticam também a participação acionária do BNDES em várias grandes companhias envolvidas em atividades ilegais como desmatamento e uso de mão-de-obra escrava.


"No setor de mineração, por exemplo, é acionista da Vale, o que o torna responsável direto pelas cerca de duas mil demissões feitas pela mineradora recentemente. Na pecuária, a BNDES Participações (BNDESPar) detém 26,9% do capital do Bertin e 19,4% do capital do JBS Friboi – sendo, portanto, também co-responsável pelo desmatamento da floresta amazônica realizado pelos pecuaristas. No setor de etanol, o BNDES é um dos principais acionistas da Brenco (Companhia Brasileira de Energia Renovável), que sofre processo por exploração de trabalhadores em condições análogas à escravidão", descreveu documento da Articulação.


“Está na hora de expor e cobrar a co-responsabilidade do Banco em relação a estes impactos. Na verdade, o BNDES é responsável por um padrão de desenvolvimento centrado na especialização produtiva em setores intensivos em natureza, só beneficia as grandes empresas nacionais e multinacionais, com baixa geração de empregos e com grandes impactos sociais e ambientais nos territórios”, afirma Luiz Dalla Costa, da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e da Via Campesina.

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