quarta-feira, 25 de novembro de 2009

BNDES 2: a polêmica de Belo Monte


Entre os participantes da manifestação das populações atingidas pelos projetos financiados pelo BNDES, estava Josiney Mendes Arara, representante de 17 aldeias indígenas do Xingu.

Ele deixou sua aldeia, localizada em Volta Grande do Xingu, no município de Altamira (PA), para vir ao Rio de Janeiro e ser um porta-voz das comunidades indígenas que serão impactadas pela instalação da hidrelétrica de Belo Monte, cujo leilão seria realizado no próximo dia 21 de dezembro, mas foi adiado por conta de problemas no licenciamento ambiental.

Josiney afirmou que se Belo Monte for aprovada, 17 etnias indígenas serão afetadas e muitas delas terão que se mudar. "Acabando com o Rio Xingu, acabam também com a nossa vida e a nossa cultura. O peixe vai sumir, a caça vai sumir. Não teremos como sobreviver. Então, as populações vão ter que sair. E para onde?", questionou a liderança.

Em São Paulo, o cacique Raoni também se manifestou contra Belo Monte durante concerto do cantor e ambientalista Sting. Os movimentos ambientalistas e de proteção às comunidades tradicionais deverão levar protestos à Copenhage, aproveitando a visibilidade das negociações sobre mudanças climáticas.

Para Josiney, as populações indígenas foram desrespeitadas e o BNDES irá investir em um projeto que fere os direitos das comunidades. Segundo ele, as pessoas afetadas na região estão dispostas a um conflito para defender o direito de permanecer em suas terras. "Estamos para matar e para morrer", disse ele, acrescentando que o governo brasileiro está ressuscitando uma verdadeira guerra. (Veja mais sobre a longa história de Belo Monte no blog do ambientalista Philip Fearnside).

Caso aprovada, a Usina de Belo Monte será a terceira maior do mundo e a segunda maior do Brasil, depois de Itaipu, com capacidade de gerar 11.233 MW de potência. Com investimentos previstos em US$ 20 bilhões, é considerada pelo governo um investimento estratégico e é uma das principais obras previstas pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). A expectativa é de que as obras da hiodroelétrica fiquem prontas em 2014, a tempo de suprir o aumento de demanda da economia brasileira e dos grandes eventos que o país sediará, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas de 2016.

A pergunta que não quer calar

Se as lideranças indígenas estão se manifestando categoricamente contrárias a instalação da usina de Belo Monte, se sua cultura e sua sobrevivência serão afetadas, como é que a Funai (Fundação Nacional do Índio) deu parecer favorável ao projeto?


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