quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Momentos finais dramáticos em Copenhague

O penúltimo dia das negociações sobre mudanças climáticas aqui em Copenhague teve um tom de pessimismo. Embora tudo possa mudar nas próximas 24 horas, já que as discussões atravessarão a madrugada, há fortes indicações que não sairemos da capital dinamarquesa com o acordo esperado para o controle das emissões dos gases do efeito estufa. A expectativa para esse encontro era de que os países seriam capazes de negociar um novo período de compromisso, pós Protocolo de Kyoto (válido entre 2012 a 2020), capaz de conseguir reduções de emissões entre 25% e 40%, consideradas necessárias para que a temperatura do planeta não ultrapasse os 2 graus celsius. Esse é o limite recomendado pelos cientistas para evitar mudanças dramáticas no clima capazes de provocar escassez de alimentos, secas, tempestades e outros eventos extremos relacionados ao clima.

Entretanto, no início da noite desta quinta, dia 18, o esboço de um documento confidencial que vazou na conferência através de "furo" do jornal britânico The Guardian mostra que o acordo político que está sendo desenhado em Copenhague só será capaz de evitar o aumento de três graus celsius, isto é, 1 grau acima do limite máximo proposto pelos cientistas. Há países, como os mais vulneráveis da África e das ilhas do Pacífico, que sugerem um limite de 1,5 graus celsius. De acordo com o Guardian, esse aumento de temperatura de três graus coloca 550 milhões de pessoas em situação de risco de fome e 170 milhões vulneráveis a severas tempestades costeiras.

"Este é o pedaço de papel mais importante no mundo hoje. Esse documento mostra, em termos gritantes, que o acordo desenhado em Copenhague coloca em risco a própria viabilidade da nossa civilização na Terra. Um aumento de três graus na temperatura significa devastação para a África e o possível colapso de ecossistemas que bilhões de seres humanos dependem. Este documento coloca os líderes mundiais em aviso prévio. Eles têm um dia para intensificar as negociações, caso contrário, serão lembrados para sempre como as pessoas que guiaram o mundo ao caos", disse o diretor executivo do Greenpeace Internacional, Kumi Naiddo, em nota oficial à imprensa.

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